Rita Velloso

Mediadora: Cíntia Vieira

Quarta-feira > 18/10/2017 > 10:30 ∇  FAFICH > SALA 1012

“O conforto isola”, afirmava Benjamin sobre um sem-número de experiências táteis e óticas transformadas segundo o treino complexo a que técnicas e aparelhos submetiam o sistema sensorial humano. Entre a detecção da flânerie já aprisionada nessa domesticação, e o encontro com escritores russos que confrontavam “a aspereza acumulada de seus materiais”, deu-se o fundamento da teoria da arte benjaminiana de que imagens permitiam desmascarar mecanismos do mundo lá fora, aquém e além da obra. “Desmascarar é a paixão desse autor. Não como marxista ortodoxo, e menos ainda como agitador prático, penetra ele dialeticamente na existência dos empregados. Mas por que penetrar dialeticamente significa: desmascarar”.

A força atual da filosofia de Walter Benjamin está nas linhas de fuga incomuns que, ali, conduzem ao político. Mesmo que incontornáveis as lógicas dessa sociedade – a do espetáculo – não se anulou a potência de uma ótica dialética.

Mas, se o desmascaramento há muito já não é suficiente – tampouco a recusa –  a imagem sobrevive como fragmento de ruptura que é exigência da revolução.  Instância de crítica e de conhecimento para a práxis, ela resiste como desacomodação, tomada de um ponto de vista intensivo, orientado, como diz João Barrento, da superfície para a profundidade, do arquitetônico para o  arqueológico.