Rosa Gabriella

Mediadora: Virginia Figueiredo

Sexta-feira > 20/10/2017 > 09:00 ∇  FAFICH > SALA 1012

Desde o tratado De Pictura, de Alberti, até a obra de Aby Warburg, A renovação da antiguidade pagã, encontramos referências ao deleite estético experimentado na contemplação dos movimentos transitórios do vento, dos cabelos e das vestes flutuantes, bem como à participação da imaginação e da reflexão na recepção dos elementos ornamentais. Na história da arte é recorrente a observação de que os arabescos, folhagens, desenhos a la grecque e motivos ou padrões decorativos de natureza geométrica se caracterizam por fornecer informação suficiente para que o observador amplie sua imaginação para além dos limites daquilo que se vê. A ideia de que representações livres de toda coerção de regras proporcionam a ocasião para que o gosto se exercite plenamente está também presente na Crítica da Faculdade de Julgar. A distinção entre belezas livres e belezas aderentes é estabelecida quando Kant explica que a percepção da beleza livre não pressupõe nenhum conceito do objeto, enquanto que a beleza aderente pressupõe tal conceito e, portanto, pressupõe a perfeição do objeto em relação esse conceito. Desta distinção Kant extrai a conclusão de que unicamente tais objetos, por não possuírem nenhum significado intrínseco e não representarem nenhum objeto passível de ser subsumido a algum conceito seriam os únicos objetos adequados ao exercício de um juízo de gosto puro. A partir de tais considerações pretendemos analisar as passagens da Crítica da Faculdade de Julgar nas quais Kant menciona representações desta natureza e refletir acerca das relações entre as chamadas belezas livres e o uso da imaginação.