Márcia Cristina Ferreira Gonçalves

Mediadora: Debora Pazetto

Terça-feira > 17/10/2017 > 10:00 ∇ SALA 1012

Este ensaio não tem por objetivo verificar a veracidade ou a probabilidade da interpretação sobre uma suposta tese do fim da arte presente nas Lições sobre a Estética de Hegel. A intenção deste artigo também não poderia ser reconstruir a história desta interpretação iniciada ainda no século XIX e perpetuada até os dias de hoje, com seus desdobramentos teóricos e práticos, filosóficos e artísticos. Pois esta mesma história revelou a impossibilidade, ou antes, a infinidade daquela primeira tarefa, aqui excluída. O relativamente modesto objetivo deste ensaio é apresentar um conceito dialético de arte pensado por Hegel como modo de solucionar uma dicotomia muito comum tanto na história da arte quanto na história da filosofia. Trata-se exatamente da dicotomia entre finito e infinito. Defenderei então 3 principais teses interpretativas sobre a Filosofia da Arte de Hegel: 1° que a Estética de Hegel tem como pressuposto não apenas a possibilidade mas a realidade da unificação entre finito e infinito por meio da realização histórica do belo artístico; 2° que os processos de idealização, secularização e desmaterialização da obra de arte descritos na Estética de Hegel implicam o deslocamento do eixo de unificação do finito e do infinito da exterioridade da obra sensível para a interioridade humana subjetiva e 3° que o processo de interiorização e subjetivação desenvolvidos na chamada forma de arte romântica, em especial no momento histórico da poesia moderna, culmina em sua autodissolução, como modo de autorreflexão sobre sua liberdade e de auto superação de sua necessidade. Se estas teses interpretativas são capazes de explicar a aparentemente constante crise não apenas da arte contemporânea, mas também da própria estética contemporânea, com seu constante discurso sobre o fim da arte, isso só poderá ser respondido ao fim deste ensaio.